terça-feira, 23 de setembro de 2008

Confiai no Alienado!


Em “O Alienista”, Machado de Assis é extremamente crítico para com a ciência, pois Simão Bacamarte, personagem principal do conto, é um médico cheio de idéias contraditórias e sem sentido. O grande e ilustre médico, estudou fora do Brasil e ao voltar para o país, percebeu que o melhor para Itaguaí era que todos os loucos ficassem internados na Casa Verde, local que ele mesmo, coberto de razão e certeza construiu, só que, o grande problema era que o médico começou a internar toda a cidade!


Na obra o personagem representa uma sociedade de dois mundos, um mundo sobre a razão e outro sobre a loucura. O mundo da loucura contido na obra é totalmente irônico, pois ao falar em loucura o autor acaba criticando a ciência positivista, que tem como lema: Ordem e Progresso, e em parte da obra o alienista diz: “-... Confiai em mim; e tudo se fará pela melhor maneira. Só vos recomendo ordem. E ordem, meus amigos, é à base do governo...”. Neste trecho ocorre a convicção e segurança do personagem ao dizer que tudo sairá bem e em suas idéias e atitudes existe a ordem, porém nada que ele faz tem sentido e resulta em algo produtivo, o Positivismo era uma ciência objetiva e não podemos encontrar objetividade nas atitudes do médico.


A obra por completo aborda críticas a ciência, pois usa de um personagem médico contraditório e com muitas idéias contraditórias, pois não se sabia se ele agia realmente em nome da ciência ou se queria riquezas, isso não fica claro na obra, sendo assim mais uma crítica.


Ao fim do conto encontramos: “O ilustre médico, com os olhos acesos da convicção científica... Fechada a porta da Casa Verde, entregou-se ao estudo e a cura de si mesmo...”, Machado retrata um médico a princípio convicto, mas que a fim precisa de cura. Também podemos encontrar críticas no nome Casa Verde, pois de acordo com as interpretações feitas, verde significava esperança de melhoras e isso não ocorreu, e o que se tornou presente foi o caos na cidade de Itaguaí.

O Alienista é simplismente um mundo divino e prazeroso de ironias, onde o leitor só encontra em obras do sublime Machado de Assis!


By: Mayára Lima

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