sábado, 29 de novembro de 2008

Seja antropófago você também!

Oswald de Andrade e demais antropófagos queriam trazer as raízes mais profundas do nosso país, que eram as raízes indígenas. Os devoradores intelectuais desta época estavam focados em uma mudança artística vigente que pudesse romper com as vanguardas européias e dar ao nosso país a verdadeira nacionalidade na arte.

Ao escolher antropofagia como tema, Oswald sabia muito bem o que estava fazendo, acreditava e conhecia bem que “Só a antropofagia nos une” em todos os aspectos, pois o nosso país não possuía uma filosofia e uma cultura própria. O nosso país era pobre em conhecimento, por isso deveríamos “comer” o que tinham os outros países e fazermos a nossa própria e verdadeira arte, deveríamos fazer o nosso carnaval e esquecer que fomos catequizados, pois “Nunca fomos catequizados. Fizemos foi carnaval”. O que devemos é “comer gente” e ser “Contra os importadores de consciência enlatada”, já era hora de sermos brasileiros. Depois dessa valorização e utilização da nossa cultura popular seremos capazes de fazer arte, ou melhor e necessariamente: A NOSSA ARTE!


By: Mayára Lima




sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Estética romântica


Segundo o grande Afrânio Coutinho, o uso da palavra Romantismo “retoma ao século XVII na França e na Inglaterra, com referência a certo tipo de criação poética ligado à tradição medieval de romances, narrativas de heroísmo, aventuras e amor, em verso ou em prosa, cuja composição, temas e estrutura – particularmente evidenciadas em Arioto, Tasso e Spencer – eram sentidas em oposição aos padrões e regras da poética clássica. " No Brasil surge com a publicação de Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de Magalhães.

O Pré-Romantismo foi a junção de um grupo de intelectuais interessados em discutir e colocar em prática as idéias de Herder e outros estudiosos, que propunham o desenvolvimento da humanidade e a história de uma evolução constante. Totalmente oposto ao Classicismo, o Pré-Romantismo surgiu com a finalidade de substituir o racionalismo pela sensibilidade, liberdade, inconsciente, mistério, melancolia, angustia, pessimismo, emoção e idealização da realidade. E acima de tudo, o conhecimento está através dos sentidos.

Os românticos enxergam a poesia como uma maneira de expressar o "eu" do ser humano. O Romantismo era a libertação do clássico e a transformação estética, onde o sentimento, imaginação, emoção e sensibilidade, tomavam o lugar da razão. O temperamento romântico é caracterizado pelo “eu” e pela melancolia, já o temperamento clássico se caracteriza pela razão, pelo mundo e pelo colorido.

Com toda essa mudança radical, surge assim o nacionalismo, abrindo portas para o movimento romântico, onde a volta para a Idade Média prevalecia, e no Brasil voltava-se para o Indianismo e Nacionalismo.

Um exemplo de Indianismo é o poema I-Juca-Pirama de Gonçalves Dias, que foi publicado em 1851 e é composto de dez cantos, nesse poema o poeta buscou uma identidade nacional e exaltou o índio, mostrando-o como uma fonte de sentimento de honra, e herói guerreiro que tornou-se prisioneiro dos Timbiras, passando momentos de aflição diante dos mesmos. O poema trata de um ritual de antropofagia, ritual indígena que é descrito detalhadamente do começo ao fim, onde um índio era aprisionado para ser devorado, caso reagisse pelo medo, iria ser libertado, pois os índios só comiam a carne daquele que mostrava força e braveza. Extremamente rimados e musicais, os versos de Gonçalves Dias tem como estrofes musicais o canto IV, por possuir versos pentassílabos, característica muito comum no Romantismo, outra característica é variação de pentassílabos e decassílabos, que é encontrada em todo poema.

As características românticas são: individualismo, ilogismo, senso de mistério, escapismo, reformismo, sonho, fé, culto da natureza, retorno ao passado e exagero. O romântico reduz a poesia ao lirismo, imaginação e sentimento.


By: Mayára Lima


terça-feira, 23 de setembro de 2008

Confiai no Alienado!


Em “O Alienista”, Machado de Assis é extremamente crítico para com a ciência, pois Simão Bacamarte, personagem principal do conto, é um médico cheio de idéias contraditórias e sem sentido. O grande e ilustre médico, estudou fora do Brasil e ao voltar para o país, percebeu que o melhor para Itaguaí era que todos os loucos ficassem internados na Casa Verde, local que ele mesmo, coberto de razão e certeza construiu, só que, o grande problema era que o médico começou a internar toda a cidade!


Na obra o personagem representa uma sociedade de dois mundos, um mundo sobre a razão e outro sobre a loucura. O mundo da loucura contido na obra é totalmente irônico, pois ao falar em loucura o autor acaba criticando a ciência positivista, que tem como lema: Ordem e Progresso, e em parte da obra o alienista diz: “-... Confiai em mim; e tudo se fará pela melhor maneira. Só vos recomendo ordem. E ordem, meus amigos, é à base do governo...”. Neste trecho ocorre a convicção e segurança do personagem ao dizer que tudo sairá bem e em suas idéias e atitudes existe a ordem, porém nada que ele faz tem sentido e resulta em algo produtivo, o Positivismo era uma ciência objetiva e não podemos encontrar objetividade nas atitudes do médico.


A obra por completo aborda críticas a ciência, pois usa de um personagem médico contraditório e com muitas idéias contraditórias, pois não se sabia se ele agia realmente em nome da ciência ou se queria riquezas, isso não fica claro na obra, sendo assim mais uma crítica.


Ao fim do conto encontramos: “O ilustre médico, com os olhos acesos da convicção científica... Fechada a porta da Casa Verde, entregou-se ao estudo e a cura de si mesmo...”, Machado retrata um médico a princípio convicto, mas que a fim precisa de cura. Também podemos encontrar críticas no nome Casa Verde, pois de acordo com as interpretações feitas, verde significava esperança de melhoras e isso não ocorreu, e o que se tornou presente foi o caos na cidade de Itaguaí.

O Alienista é simplismente um mundo divino e prazeroso de ironias, onde o leitor só encontra em obras do sublime Machado de Assis!


By: Mayára Lima

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Pré-modernismo, Lima Barreto e uns projetos de nação.


O Pré-modernismo tinha como principais objetivos, a crítica e a denuncia, muitas vezes social. Os autores desta época ainda possuíam muitos aspectos simbolistas e parnasianistas, porém eram originais pelo fato de adicionarem em suas obras uma essência crítica e realista. O exagero nacionalista, a paixão pela cultura nacional, o humor e o destaque de um país corrupto e injusto, também estavam presentes nessa fase, e são exatamente esses elementos que provam que “Triste Fim de Policarpo Quaresma” é uma obra pré-modernista.



Lima Barreto, em uma linguagem simples e sem erudição alguma, cria personagens como o Major Quaresma, justamente para ironizar, de forma exagerada o Brasil. Quaresma era um sujeito extremamente ingênuo, que amava e valorizava o seu país, por ser iludido de que vivia num Brasil perfeito, de leis justas e de pessoas bondosas, criou alguns projetos de nação.


Leitor constante de temas nacionais, e apaixonado pela língua primeira do Brasil, a tupi-guarani, Policarpo Quaresma acabou tendo a espetacular idéia de a tornar a língua local do país. Para isso, escreveu um ofício e o defendeu com toda força, porém essa sua força de vontade e essa sua idéia, considerada sem sentido, fizeram com que as pessoas achassem que Policarpo não passava de um louco, com tudo isso o Major acabou perdendo seu emprego e se aposentando.


Mas isso não foi o bastante para o fazer desistir, ao sair do hospício, o louco criou um segundo projeto, que a priori daria certo. Quaresma defendia que o país era rico em vegetação e que a nossa terra era a mais fértil de tidas, sendo assim, o seu novo projeto eram plantações que fariam do nosso país único. Mas que Major sem sorte! A bicharia acabou destruindo todas as suas plantações e pela segunda vez ele fracassou.

Só que, assim como o brasileiro tem força para enfrentar uma terceira batalha, Lima Barreto mostra que Policarpo Quaresma é brasileiro até se tratando disso, pois o Major inventou um terceiro projeto de nação. Esse sim seria vitorioso. Quaresma em seu terceiro projeto defendia que a força e a solução do Brasil estaria na política, e foi nesse último projeto que o mesmo viu a dura realidade em que estava inserido, denunciou a corrupção e em troca recebeu a sua encomenda de morte.

Todos esses projetos de nação não tiveram sucesso, por ser essa a ironia mais profunda do autor, onde o mesmo ironiza estruturalmente a obra, mostrando que nada na vida do personagem deu certo, assim como nada no Brasil dá certo.

O leitor esperto vê na inocência do personagem não uma babaquice, mas sim a grande babaquice de nossa nação!


By: Mayára Lima



quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Quem eu sou?



Quem eu sou?

Essa é uma pergunta que todo mundo faz... ou será que não?


Não sei, e nem tenho vergonha de não saber, já que o grande Socrátes dizia que, mais inteligente era aquele que sabia que não sabia. Parece loucura, mas quem sou eu? Eu queria saber, e você também quer saber quem você é! Este é um grande enigma na vida de todo ser humano.


Pior ainda é saber que esse questionamente faz questionar muitas outras coisas, como por exemplo de onde vinheram as coisas? Como surgiram as coisas? É, a coisa é mesmo uma coisa complicada! E mais complicado ainda é saber que cada pessoa tem um pensamento diferente... será então que as coisas surgiram de uma coisa diferente? É, pode ser... ou será que não pode?

Aí complica tudo de novo! Sabe de uma coisa? Eu acho bem melhor eu ser eu... E quanto a você? Ah, você seja você! Melhor assim, você não pergunta nada pra mim e eu não pergunto nada pra você... Seja lá quem eu for, ninguém vai querer entender, a não ser que eu diga que eu sou eu e que você é você?!


Por Mayára Lima

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Augusto dos Anjos, único e original


Augusto dos Anjos nasceu no Engenho Pau d'Arco, PB, em 20 de abril de 1884, autor de apenas um livro, o conhecido “Eu”, publicado em 1912, faleceu em Leopoldina, MG, aos 30 anos de idade, vítima de pneumonia. É altamente conhecido, lido e estudado, especialmente pelo seu “mau gosto”, sua linguagem cientificista, biológica, matemática e considerada antipoética, remete bastante ao nordeste e a filosofia materialista que o poeta estudou no curso de Direito.


Seus poemas enfatizam um pessimismo atroz, e principalmente ao nada e ao fim existência humana, e são contidos de uma musicalidade rude, agressiva e forte. Exagerado e direto, o poeta paraibano se queixa de tudo, da Vida, da Humanidade, da Religião, do Amor e até mesmo dele.


Vale também ressaltar que a sua poesia é paradoxal, chocante e extremamente original, mesmo tendo base em outros autores como: Schopenhauer, Spence, Darwin, Comte, Baudelaire e Nietzsche , porém seu contexto é incomparável e bem elaborado.


A idéia de concretismo que o poeta passa para o leitor, a mistura de características de diferentes escolas literárias, como Simbolismo e Parnasianismo, sua estética e o seu incrível vocabulário da podridão, o fazem um dos melhores poetas da Literatura Brasileira.


Algo que não pode deixar de ser dito é a excepcional mistura e descrição de temas concretos com temas abstratos, é a chamada dialética do localismo versus cosmopolitismo, muito constante em Augusto dos Anjos.


Por Mayára Lima

A Literatura como principal responsável pelo descobrimento da nacionalidade brasileira.


Definir uma cultural local nunca foi tarefa fácil, e com nós brasileiros não poderia ser diferente, pois num país de tantas diferenças e miscigenações, a tarefa acaba se tornando mais difícil ainda.


O choque que tiveram os colonizadores ao se depararem com os nativos, foi forte, pois eram culturas totalmente diferentes uma da outra. O português ambicioso teria que povoar o local e criar uma rota marítima regular, para explorar o pau-brasil e a cana-de-açucar. Mas somente isso não era suficiente, seria preciso apagar a cultura indigena, nacional e de vários deuses, e IMPOR a cultura branca, européia e cristã. Atitude questionada e criticada até os dias de hoje, pois somente por riquezas, foram mudados costumes de inocentes. Temos publicações desses momentos, porém publicações que não podem ser consideradas literatura, mas sim literatura de informação.


Tudo isso acabou influenciando a nossa Literatura, que era produzida de acordo com os moldes europeus, não possuindo assim o nosso país, uma literatura que remetesse e defendesse a nossa cultura. Com o surgimento do Romantismo, o Brasil consegue ter a NOSSA Literatura, a prova está nos poemas sátiros de Gregório de Matos, nos romances indianistas de José de Alencar e nos sublimes poemas nacionais e patriotas de Gonçalves Dias e Castro Alves.


No período romântico foi que o Brasil atingiu uma grande noção de identidade cultural, pois é nessa época que os escritores surgem marcadamente nacionalistas, com uma forte consciência nacional, capaz de fazer uma literatura composta de raízes nacionais, mostrando assim, a diferenciação entre a cultura nativa e a do colonizador, não levando em conta as regras impostas para uma produção cultural e escrevendo de uma forma inovadora e de grande importância para a nossa cultura.Vemos que a Literatura foi de imensa importância para definir a cultura do nosso país, pois foi através do Romantismo, representado de forma nacionalista, com a sua força de liberdade, e de autores como José de Alencar, que escreveu Iracema e muitos outros romances indianistas retratando o nascimento do primeiro brasileiro, é que o nosso país enxergou a sua bonita e verdadeira identidade nacional.


Por Mayára Lima