sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Pré-modernismo, Lima Barreto e uns projetos de nação.


O Pré-modernismo tinha como principais objetivos, a crítica e a denuncia, muitas vezes social. Os autores desta época ainda possuíam muitos aspectos simbolistas e parnasianistas, porém eram originais pelo fato de adicionarem em suas obras uma essência crítica e realista. O exagero nacionalista, a paixão pela cultura nacional, o humor e o destaque de um país corrupto e injusto, também estavam presentes nessa fase, e são exatamente esses elementos que provam que “Triste Fim de Policarpo Quaresma” é uma obra pré-modernista.



Lima Barreto, em uma linguagem simples e sem erudição alguma, cria personagens como o Major Quaresma, justamente para ironizar, de forma exagerada o Brasil. Quaresma era um sujeito extremamente ingênuo, que amava e valorizava o seu país, por ser iludido de que vivia num Brasil perfeito, de leis justas e de pessoas bondosas, criou alguns projetos de nação.


Leitor constante de temas nacionais, e apaixonado pela língua primeira do Brasil, a tupi-guarani, Policarpo Quaresma acabou tendo a espetacular idéia de a tornar a língua local do país. Para isso, escreveu um ofício e o defendeu com toda força, porém essa sua força de vontade e essa sua idéia, considerada sem sentido, fizeram com que as pessoas achassem que Policarpo não passava de um louco, com tudo isso o Major acabou perdendo seu emprego e se aposentando.


Mas isso não foi o bastante para o fazer desistir, ao sair do hospício, o louco criou um segundo projeto, que a priori daria certo. Quaresma defendia que o país era rico em vegetação e que a nossa terra era a mais fértil de tidas, sendo assim, o seu novo projeto eram plantações que fariam do nosso país único. Mas que Major sem sorte! A bicharia acabou destruindo todas as suas plantações e pela segunda vez ele fracassou.

Só que, assim como o brasileiro tem força para enfrentar uma terceira batalha, Lima Barreto mostra que Policarpo Quaresma é brasileiro até se tratando disso, pois o Major inventou um terceiro projeto de nação. Esse sim seria vitorioso. Quaresma em seu terceiro projeto defendia que a força e a solução do Brasil estaria na política, e foi nesse último projeto que o mesmo viu a dura realidade em que estava inserido, denunciou a corrupção e em troca recebeu a sua encomenda de morte.

Todos esses projetos de nação não tiveram sucesso, por ser essa a ironia mais profunda do autor, onde o mesmo ironiza estruturalmente a obra, mostrando que nada na vida do personagem deu certo, assim como nada no Brasil dá certo.

O leitor esperto vê na inocência do personagem não uma babaquice, mas sim a grande babaquice de nossa nação!


By: Mayára Lima



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